segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Saburo Sakai

ASES

Saburo Sakai 
25 AGO 1916  -  22 SET 2000


Grande piloto de caça. Serviu no Serviço de Aviação Naval Japonês de 1934 a 1945, sendo considerado o maior ás japonês sobrevivente ao Teatro do Pacífico na 2ª Guerra Mundial, com um total de 64 aeronaves abatidas em mais de 200 missões de combate.

Sakai nasceu em Saga, Japão, no ano de 1916, décimo primeiro filho de uma numerosa família, criada no mais tradicional espírito Samurai.

Cedo ficou órfão de pai, o mais novo dos sete irmãos e irmãs que ficaram com sua mãe. Sobrevieram dificuldades, e por essa razão, Saburo não pode se dedicar aos estudos, pois precisou ajudar a manter o lar.


Em 1933, aos 16 anos, ingressou na Marinha Imperial Japonesa, incorporando-se ao corpo de artilharia, como servente da torre principal do encouraçado Kirishima.
Neste mesmo ano, solicitou transferência para a aviação naval, sendo aceito na academia de Tsuchiurain, graduou-se como piloto de caça.

Suas vitórias iniciais foram assinaladas durante a guerra com a China, na região da Manchúria. Seu primeiro abate, foi um Polikarpov I-16. Na ocasião, pilotava o caça Mitsubishi A5M "Claude". Sua perícia em combate foi reconhecida por seus superiores, sendo por esse motivo, um dos primeiros pilotos navais a receber o novo caça A6M "Zero", também da Mitsubishi.
Lutou em praticamente todas as frentes de batalha do pacífico. Entre seus vários feitos, foi o primeiro piloto japonês a derrubar uma Fortaleza Voadora B-17, nas Filipinas, em 11 de dezembro de 1941.
Mesmo estando cego do olho direito, em razão de um combate ocorrido em 8 de Agosto de 1942 continuou lutando como piloto de caça até o final do conflito.

Alguns comentários do grande ás japonês, a respeito de suas experiências na guerra:


Sobre o caça embarcado Type 96 "Claude"

 

"Aquele era de longe o caça mais incrível de seu tempo. Quando o Zero entrou em serviço, nós colocamos dois pilotos equivalentes em combate simulado, um no Zero e outro no Claude e os fizemos combater. O Type 96 ganhou rapidamente. Então nós os fizemos trocar de aviões. O Claude venceu novamente. Naquele momento Todo mundo pensou que o Zero era um fracasso. Mas eles gostaram da autonomia do Zero e o aperfeiçoaram. Se o Type 96 tivesse a mesma autonomia do Zero, poderíamos ter continuado utilizando-o até Pearl Harbor e além."


Sobre o A6M "Zero" 







"Durante a guerra, eu estava convencido que o Zero modelo 21 era o melhor caça do mundo. Ele sempre foi o número um comigo. Então há alguns anos, eu tive a chance de voar em um Mustang e controlá-lo por um certo tempo. Que avião incrível! Ele podia fazer tudo que o Zero  fazia e muitas outras coisas que o Zero não podia fazer, como um mergulho em espiral a grande velocidade. No Zero os controles ficariam pesados demais para controlá-lo. Agora o Mustang é o número um comigo e temo que o Zero seja o número dois." 

A maneabilidade dos Zeros

"Ora, o Zero possuía uma maneabilidade incrível, mas nunca acima de 400 quilômetros por hora, pois o manche ficava demasiadamente pesado porque as superfícies de controle do avião eram enormes. Você vê esses filmes de Kamikazes mergulhando direto na água bem distante dos navios norte americanos, certo? Os garotos nesses aviões provavelmente entraram em mergulho cedo demais e, antes que percebessem seu erro, estavam velozes demais para sair do mergulho. Eles provavelmente morreram puxando desesperadamente o manche com toda a sua força. Quando eu treinei esses garotos (os Kamikazes), eu lhes dizia: - Se você tem de morrer, ao menos você gostaria de acertar o seu alvo, certo? Se é assim, vá baixo, rente à água. Não mergulhe em seu alvo. Você perde o controle em um mergulho. Você corre o risco de ser pego por um caça, mas você tem melhor chance de acertar seu alvo.” 
 


Táticas e pilotos Kamikaze

"Muitos ocidentais ficam chocados ao ver as táticas Kamikazes, a idéia de enfiar um garoto em um avião e dizer para ele se matar  colidindo seu avião contra o alvo. Mas mesmo se você não disser para ele se chocar contra nada, colocar um garoto com apenas 20 horas de vôo e mandar ele enfrentar pilotos americanos em Hellcats e Corsairs, é uma tática tão suicida quanto o Kamikaze. Nós entendemos que, se eles têm de morrer de qualquer jeito, o ataque Kamikaze irá causar maior dano ao inimigo, com o mesmo custo em vidas. Mas deixe eu te falar, todo material que você leu sobre “Morrer pelo Imperador!" e  "Banzai!” Isso tudo é porcaria. Não existiu um piloto ou soldado Kamikaze que estivesse pensando no Imperador quando ele estava enfrentando a morte. Eles estavam pensando em suas mães e suas famílias, assim como todo mundo. O motivo pelo qual todas as cartas que eles escreviam para casa estavam cheias de coisas glorificando o imperador é porque eles sabiam que a censura podia ler as cartas e porque eles apenas queriam tentar manter seus pais orgulhosos."


A chave para um bom caça

"Sem dúvida, o que é vital para um caça é sua autonomia.  Não tenho palavras para descrever como isso o afeta quando você está na carlinga. Saber que possui abundância de combustível! isso realmente deixa você relaxado. Aqueles pobres alemães em seus Me 109! Eles mal podiam ganhar altitude e começar a lutar por uns minutos até começar a se preocupar com as reservas de combustível. Quando você se preocupa com o seu combustível, isso realmente afeta o que você faz com o avião, e até como você combate. Pense em quantos caças alemães acabaram no fundo do canal da Inglaterra porque não tiveram combustível para voltar para casa. Um avião que não tem combustível para voar é apenas lixo. Se os alemães tivessem mil Zeros em 1940 não considero que a Inglaterra ainda existiria hoje. Pense sobre isto: Com o Zero, eles poderiam operar de aeródromos próximos a Paris e ainda conseguir acertar um alvo em qualquer lugar nas Ilhas Britânicas ou então escoltar bombardeiros e ainda ter combustível de sobra para retornar. Uma vez eu pilotei um Zero por 12 horas seguidas, em um teste para descobrir o quão longe ele poderia ir. Essa autonomia em um avião é incrível. Isto é parte do que faz o Mustang grandioso também."


Liderança na Marinha Imperial Japonesa

"Promoções na marinha eram baseadas em qual escola você havia se graduado e em quem você conhecia, não tinha nada a ver com mérito. Algum rapaz poderia destruir 20 aviões tentando aprender a voar e não conseguir derrubar droga nenhuma e ele seria promovido mais rápido que eu ou qualquer outro piloto bem sucedido, por haver vindo da escola certa. Esses eram os tipos de idiotas que estavam nos liderando. Como poderíamos ganhar a guerra com uma liderança dessa?"  



Vendo o inimigo

"Boa visão é absolutamente essencial para um piloto de caça. Encontrar o inimigo mesmo meio segundo antes que ele o encontre, lhe dá uma enorme vantagem. Eu ensinava meus pilotos a não afivelarem demais os seus cintos de segurança, pois impedia de girar seu quadril do modo que você pudesse olhar direto para trás rapidamente. O campo de visão do Zero era fantástico. Eu não sei porque os aviões Grumman possuem esse fundo alto que impedem os pilotos de observarem o que está atrás deles."

- Perder a visão de um olho o afetou a esse respeito?

"Não realmente. Com o tempo aprendi a perceber intuitivamente de onde o inimigo apareceria, baseado nas condições. Eu nunca tive de buscar o céu 360º ou qualquer coisa assim para encontrá-los. Você apenas ganha o sentido de saber de onde eles vão surgir e procura naquela área mais intensamente. Um instinto, eu acho. E você não precisa realmente de percepção de profundidade, porque você pode medir a distancia pela  silhueta aparente do avião inimigo."
 

Em março de 1945, o então Sub-Tenente Sakai e um companheiro foram recomendados pelo almirante Soemu Toyoda, Comandante-em-chefe da Frota Combinada, pelos recordes exemplares de aviões inimigos destruídos. Em agosto de 1945, foi promovido a Tenente, terminando a Segunda Guerra Mundial, como o ás líder dos pilotos sobreviventes. 



Saburo Sakai faleceu na estação aeronaval de Atsugi aos 84 anos.

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