BMW R75
"Schweres Kraftrad 750 ccm mit Seitenwagen BMW R75"
A BMW R75 foi concebida, ainda na prancheta, como uma verdadeira máquina de guerra: A combinação de moto e side-car formando um autêntico veículo todo-terreno, capaz de operar com êxito tanto no inclemente calor Africano, como no as estepes da Rússia.
Sua concepção afastou-se do conceito de motocicleta militar consagrado em outros exércitos, e então compartilhado pela Alemanha, que fez uso de diversas motocicletas militares durante a Segunda Guerra Mundial. A BMW R12, por exemplo, uma motocicleta com confiabilidade comprovada, ou a R71 que cumpriu vários papéis naquilo que poderia ser chamado de "cavalaria motorizada".
O conceito da R75 era muito diferente de suas congêneres: Dentre suas características mais marcantes, destaca-se a tração do side-car, com diferencial auto-blocante. A caixa de marchas era uma autêntica obra-prima da engenharia da época, considerando suas reduzidas dimensões: Quatro velocidades à frente e uma à ré, com opção de redução, totalizando 7 relações de velocidade à frente e duas à ré. Junto à alavanca de mudança ficava o mecanismo que acionava o redutor. A velocidade que a moto alcançava com essas relações, variava de 22 km/h em primeira a 92 km/h em quarta. Acionando a redução, 14 km/h em primeira e 42 Km/h em terceira. Além disso, podiam rodar em "passo de marcha", acompanhando a tropa ( cerca de 3 Km/h) sem superaquecer o motor...
Foram projetadas para operar em qualquer front da guerra... E, além disso, participar de paradas militares... O tempo, entretanto, demonstrou que o conceito motocicleta/side-car da BMW R75, não cumpria todas as finalidades pré estabelecidas.
Apesar de não ser a motocicleta militar mais avançada de seu tempo, conquistou a fama (merecida) de ser a de melhor qualidade. A transmissão era feita por eixo cardan e um diferencial transferia força motriz para a roda do side-car. Quando necessário, uma alavanca acionava o bloqueio do diferencial.
O motor também era um primor de engenharia: Devido ao bom trabalho desenvolvido pelo engenheiro Rudolf Schleicher: Moldado em liga de alumínio, com os cilindros em ferro, a sua capacidade cúbica chegava aos 750 cc. Com dimensões de 78 x 78 mm, a taxa de compressão era de 5,6 ou 5,8 (dependendo da versão), gerando 25 hp de potência a 4.400 rpm. Essa baixa taxa de compressão permitia a utilização de gasolina sintética de 74 octanas, tão comum no Exército Alemão, a partir da segunda metade da guerra. O consumo não era muito elevado. Considerando a capacidade do tanque de combustível (24 litros) possuía uma considerável autonomia.
A robustez do motor era tamanha, que realizando-se a manutenção básica, poderia exceder a 120.000 quilômetros rodados sem necessitar de retífica, mesmo nas duras condições impostas pelas frentes de batalha.
A robustez do motor era tamanha, que realizando-se a manutenção básica, poderia exceder a 120.000 quilômetros rodados sem necessitar de retífica, mesmo nas duras condições impostas pelas frentes de batalha.
A embreagem da R75 era acionada por um único disco a seco, muito semelhante às BMW's dos anos 80 e 90. O veículo, em seu conjuto, era bastante pesado, cerca de 420 quilos, isto porém não o impedia de ser ágil. A suspensão dianteira por garfo hidráulico, era um conceito inovador à época. Uma mola de torção tubular oferecia relativo conforto ao tripulante do side-car.
Para amortecer os solavancos, os bancos possuíam grandes molas, que na prática se revelavam insuficientes. Porém, na guerra isso não era o mais importante...
As rodas eram de grande diâmetro, de modo a serem intercambiáveis com outros veículos e reboques militares. A ignição por magneto Noris Z.G.2. garantia a partida do motor mesmo que a bateria estivesse com pouca carga.
As dimensões da BMW R75 não podiam ser consideradas nenhum exagero: O comprimento estimado em 2,40 m, largura de 1,70 m e altura total de 1 m. O sistema elétrico de faróis e ignição eram independentes, com dínamo de 6 V e 50 W e bateria de 6 V.
A BMW R75 foi utilizada em diferentes frentes sendo pintadas também em cores diferentes: tom ocre do deserto no "Afrika Korps" e cinza "Wehrmacht" para as frentes Européias....
Atuou nos mais diversos palcos da guerra, praticamente sem modificações. Um detalhe característico é o invólucro volumoso para a carcaça que cobria o filtro de ar: O design simples, porém eficiente funcionava muito bem na areia do deserto. As unidades que foram para o front russo eram equipadas com sistema de aquecimento: Uma tubulação com o ar aquecido no cano de escape, levava calor para uma manopla protetora no guidão. Sistemas semelhantes aqueciam os pés do piloto e o piso do side-car. Para acionar o sistema havia uma alavanca junto ao cano de descarga.
Projetada dentro de inovadores conceitos táticos militares, a R75 podia ser equipada com duas metralhadoras (MG 13 e MG 34). As armas ficavam na parte dianteira e traseira do side-car, permitindo o uso de ataque e defesa sob quaisquer circunstâncias.
1941: Britânicos em Tobruk, com uma R75 capturada
Finalmente, a moto era capaz de superar inclinações de 40 graus de curta duração, e 30 graus em qualquer distância, por vaus de até 35 cm de profundidade. Apesar de suas grandes qualidades, a BMW R75, revelou-se um fiasco na frente Russa. Um dos fatores preponderantes foi seu peso excessivo, prejudicial especialmente em terrenos lamacentos e em neve profunda.
Notas do Autor:
- Schweres Kraftrad 750ccm mit Seitenwagen BMW R75: Motocicleta pesada 750 cc com side-car BMW R75;
- Wehrmacht: Forças Armadas Alemãs;
- Afrika Korps: Corpo Expedicionário Alemão na África, sob o comando de Rommel .
Vídeo: Motocicletas Alemãs na 2ª Guerra
Vídeo: Motocicletas Alemãs na 2ª Guerra
Fontes do artigo:
http://motosrusas.es
http://motosrusas.es
http://motosantiguashd.com
"Motorcycles at War" - Gavin Birch
realmente, as motos no deserto ia muito bem, mais na neve e na lama na Rússia deu trabalho.
ResponderExcluirfoi uma guerra de muito sofrimento para todos os lados...