domingo, 31 de julho de 2011

Saint Exupéry

COMBATENTES


  Saint Exupéry
     29 Jun 1900 – 31 Jul 1944 
     Antoine Jean Baptiste Marie Roger Foscolombe de Saint Exupéry


"Em tudo na vida a perfeição é finalmente atingida, não quando nada mais existe para acrescentar, mas quando não há mais nada para retirar."

Nasceu em Lyon, em 1900, no final do século 19 e na aurora do século 20, em uma tradicional família da nobreza rural. Seu pai era um executivo do ramo de seguros e faleceu em 1904. Sua mãe, mulher de sensibilidade artística, transferiu-se, já viúva com os filhos, para Le Mans.

Escritor, ilustrador, jornalista, mecânico, inventor, aventureiro, aviador, piloto de combate. Um homem idealista, com múltiplas habilidades e talentos.
Em 1921 iniciou o serviço militar, no Segundo Regimento de Caçadores. Entretanto, pelo fato de ser o único de seus colegas a ter experiência com aviões (aos doze anos de idade, havia voado como passageiro) foi enviado à Strasbourg para realizar um curso de pilotagem. 
Realizou seu primeiro vôo solo em 9 de Julho de 1921 e, em 1922 ao conquistar seu brevê, recebeu uma proposta para entrar na Força Aérea Francesa, a qual acabou recusando, cedendo às pressões da família da sua então noiva, a romancista Louise de Vilmorin. Tentou estabelecer-se em Paris, dividindo seu tempo entre as atividades de escritor e o trabalho em um escritório.

Não se adaptou a nenhum dos empregos que teve na capital francesa. Terminou o noivado, e buscou retornar à sua grande paixão, a aviação.

Numa época em que a aviação postal dava os seus primeiros passos, concorrendo com as vias marítima e férrea, Saint Exupéry se empregava na companhia Aéropostale, unindo-se ao seleto grupo de pioneiros cuja coragem desafiava os limites - tanto da razão como da segurança - para entregar com rapidez o que o escritor gostava de considerar como “Cartas de Amor”.
Autor de vários livros, como “O Aviador” (1926), “Correio do Sul” (1929), “Vôo Noturno” (1931), “Terra dos Homens” (1939), “Piloto de Guerra” (1942) e “O Pequeno Príncipe”, escrito em 1943, sua peça literária de maior repercussão.
"A coragem é apenas a soma de um pouco de raiva, um pouco de vaidade, muita teimosia e um prazer desportivo banal."
(Em uma carta para o amigo André Guide)

Empregado durante três anos, na ponte aérea França-África do Norte, escapou da morte por diversas vezes, até ser designado em 1928, Diretor do aeródromo de Cap Juby, em pleno deserto do Saara. Lá, encontrou tempo e disposição para escrever “Correio do Sul”, o seu primeiro romance, que tratava do fracasso de seu noivado em contraponto à bravura dos pilotos da aviação postal.
No mesmo ano foi transferido para a América do Sul, sendo nomeado Diretor da Companhia Aeroposta Argentina. Pilotando aviões de correio, voou através dos Andes, tendo experiências que lhe serviram de material para seu segundo romance, “Vôo Noturno”, que se tornou um sucesso de vendas internacional.



Junto com Jean Mermoz, Henri Guillamet e outros pioneiros, implantou a rota Paris-Dakar e, na América do Sul, ajudou a estabelecer as primeiras rotas aéreas entre o Brasil, a Argentina e o Chile. 
Missão de Reconhecimento da Latecoere (futura
Aeropostale) em Florianópolis-SC-Brasil  - Jan. 1925
Em 1931, Saint Exupéry casou-se com uma viúva, Consuelo Gómez Castillo, vivendo um relacionamento conturbado, repleto de ausências, ciúmes e infidelidades de ambas as partes.

Com o encerramento das atividades da Aeroposta Argentina, regressou à Europa, onde passou a voar na ponte aérea Casablanca-Port Étienne, além de exercer a profissão de piloto de provas para a Air France e outras empresas.
Em 1935, ao realizar um vôo de teste em uma aeronave experimental, para a Air France, acidentou-se enquanto sobrevoava a África do Norte. Sobreviveram, ele e seu mecânico, após caminharem desorientados pelo deserto durante dias, até que à beira da morte, vendo alucinações e seriamente desidratados encontraram uma caravana de beduínos que os salvaram.

Dois anos após, pilotando o mesmo modelo, escapou da morte, seriamente ferido quando a aeronave caiu sobre a Guatemala.
Durante o período de recuperação, foi encorajado pelo amigo e escritor André Gide a escrever sobre a sua profissão. “Terra dos Homens” foi publicado em 1939, ano em que ganhou prêmios da Academia Francesa para Romance e do National Book Award nos Estados Unidos.

Com a chegada da Segunda Guerra Mundial, durante a Batalha da França, em 1940, Saint Exupéry alistou-se, apesar de ser considerado inapto à aviação militar em razão de seus ferimentos. Mesmo assim realizou alguns vôos de reconhecimento, que lhe valeriam a Cruz de Guerra. Em junho do mesmo ano, após a assinatura do armistício pelo Marechal Pétain, mudou-se para a França Livre com a irmã, de onde partiu para os Estados Unidos.
Publicou em 1942, em New York, “Piloto de Guerra” romance em que narra sua fuga da pátria ocupada, que seria banido pelas autoridades alemãs na França.


"Viver é nascer aos poucos."
 (Piloto de Guerra)

Juntar-se-ia de novo, em 1943, à Força Aérea Francesa Livre, na África do Norte. Após uma aterrissagem forçada, em que destruiu um P-38 Lightining, foi declarado inapto ao vôo por seu comandante, que considerava-o muito velho para pilotar em combate.
Mesmo assim, após muita insistência e um bom período no solo, conseguiu recuperar seu posto de piloto militar.

No mesmo ano publicou a sua obra mais conhecida, “O Pequeno Príncipe”, uma fábula infantil para adultos, traduzida para quase meia centena de línguas. O narrador é um piloto forçado a aterrissar no deserto do Saara, onde, após pernoitar é acordado por um menino que lhe pede "- Desenha-me um carneiro?".
O garoto é um príncipe de outro planeta e lhe conta suas aventuras na Terra, falando-lhe da preciosa rosa que possui no seu astro natal. Acaba, porém, desiludido ao saber que as rosas são bastante comuns na Terra sendo aconselhado por uma raposa do deserto, a continuar amando sua rosa rara. O Pequeno Príncipe então regressa ao seu planeta natal, após encontrar um sentido para sua vida.
Todos os escritos de Saint Exupéry têm como ponto em comum, a preocupação em encontrar uma filosofia de vida para melhorar o entendimento entre os seres humanos.

Decolou em 31 de Julho de 1944 em um Lockheed Lightning P-38 versão de reconhecimento, para fotografar os movimentos de tropas alemãs no Vale do Reno, nunca chegaria ao seu destino, no Sul de França.
Ao longo dos anos surgiram hipóteses de que teria sido abatido, perdido o controle de seu avião ou até mesmo cometido suicídio. Restam dúvidas.

Deixou em terra o manuscrito inacabado “Cidadela” que reflete o seu interesse pela política.
Em 1998, a cerca de 100 milhas marítimas ao largo da costa de Marselha, um pescador local encontrou no mar uma pulseira com o nome de Saint-Exupéry e de Consuelo Castillo.

Em abril de 2004, destroços de um avião retirado do Mediterrâneo foram considerados como sendo de sua aeronave P-38. Seu corpo nunca foi encontrado. Esta descoberta soluciona, para alguns, um mistério sobre o fim de Saint-Exupéry .

Nasceu entre dois séculos, viveu durante a Primeira Guerra Mundial, combateu na Segunda, a qual não teve tempo de ver encerrar-se. Deixa-nos, seu exemplo de vida, a busca por ideais elevados e uma bela obra literária.

“O mundo vai mal. E vou me sentir infeliz e sofrer porque não tenho uma verdade clara para oferecer aos homens”

Saint Exupéry
(escrito pouco antes do vôo do qual nunca mais retornaria)
Vídeo: Saint Exupéry La dernière Mission


Fontes:
www.antoinedesaintexupery.com
www.infopedia.pt
www.dn.pt
www.nytimes.com/
http://pt.wikipedia.org
http://historiaupf.blogspot.com

2 comentários:

  1. Parabéns
    Exupèry foi ousado mas deveria ter saído quando disseram. Teimoso, morreu sem ninguém saber por quê.

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